segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Anos incríveis, por Amanda Soares



Não tenho muito que explicar, você pode me achar infantil, boba ou sem realidade, mas acho que este aqui não é o meu mundo, o meu lugar. Todas essas cores, esses cheiros, essas pessoas, essas músicas, não parecem ser minhas. Talvez tenha ocorrido um erro biológico ao meu nascimento. E não estou querendo desfavorecer minha mãe e amigos, longe disto, mas o fato é que esse ambiente social essa político ridículo, me deixa farta.

‘’Meia noite em Paris’’ discute exatamente isto, no desejo que as pessoas têm de quererem ter vivido em outra época a julgando ser melhor. Mesmo com a mensagem que o filme passa, eu ainda discordo um pouco.  Não queria ter nascido entre os anos 60 e 70 por causa do presidente, dos pontos turísticos e afins, mas eu queria, de verdade, ter tido essa fase, dos vestidos comportados, do batom vermelho, do salto alto usado com elegância, dos penteados exagerados, do hairspray, da fome de ser livre, da livre expressão, do ‘’paz e amor’’ e meu Deus de poder ouvir os Beatles de pertinho, e acompanhar toda aquela loucura que era ser fã de alguém revolucionário. 

Veja bem, não estou desmerecendo a nossa moda, o nosso jeito de nos vestir, aliás, amo calçar all star e um bom e velho jeans, não estou dizendo que os nossos vestidos são dês-comportados, mas me deixa farta às pessoas andarem nas ruas como peças de uma fábrica. Roupas, e comportamentos iguais.
Tenho saudades de uma época que não vivi, de não poder ter tido a oportunidade de gritar pelo Paul, o Ringo ou o John, e George querido, eu amo você! Por não poder mais sonhar com o batom vermelho da Marylin.  Saudades de não poder gritar por ‘’paz e amor’’, por liberdade. Pois é.

‘’Ah Amanda então você está querendo dizer que deveríamos ter parado no tempo? As coisas evoluem’’ Posso até imaginar alguém levantando esse argumento, e minha resposta é simples e direta: NÃO. Eu não estou dizendo que o mundo não gira, que o batom não troca de cor, que as roupas não mudam, que as músicas não são as mesmas no rádio, eu estou querendo dizer que, o modo como evoluímos foi errado, perdemos a arte de ser nós mesmos, de não nos importar e querermos revolução, nos acomodamos, nos tornamos capitalistas, nos achamos críticos de moda, de comportamento, de humor. As coisas não são assim.

Eu nasci na época errada, e do jeito em que as coisas estão se encaminhando, meus filhos também nasceram na época errada. É por essas e outras que cogito muito a possibilidade de não ter filhos, por que não quero vê-los neste mundo, com tanta imaturidade, e altruísmo. Vou ser egoísta e libertar eles desse futuro que a humanidade promete melhorar, mas, cá entre nós, as possibilidades estão em baixa.

Xxx. Amanda.

Um comentário:

  1. adoreeei o texto, já te disse isso né! kkk incrível!!




    http://fugindodarotina.com/

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