Eu estava preparando esse artigo
há mais de duas semanas, tentei arranjar as palavras certas, formular frases
coerentes, mas nada saiu de concreto, não consegui redigir nem um parágrafo
realmente bom, e por isso mesmo, peço desculpas de antemão, pois não prometo a
qualidade desse artigo.
Foi divertido como as coisas
ocorrerão nas últimas semanas, pareceu que o universo foi reunindo todos os
elementos necessários para que eu escrevesse. Primeiro murmurinhos machistas eu
escutava ao meu arredor; logo, meu professor de Filosofia faz uma definição de
feminismo, que me despertou raiva, e minha professora de português exibe um
filme em que o amor próprio de uma mulher fica haver navios. Confesso, procurei
de muitas maneiras, escrever isso de uma forma não ofensiva – nunca foi a minha
intenção – mas algumas verdades precisam ser ditas.
Estou farta de ser tratada com
menosprezo, com inferioridade, com desconfiança, por simplesmente ser mulher! Em
pleno século XXI sou obrigada a ser tratada assim? Jamais! Recuso-me a ter esse
tratamento. Quero fazer da minha vida, as palavras; trabalhar com elas,
reivindicando ações e manifestações pelo bem maior, e se eu for à vítima melhor
ainda, não terei que responder processo por calúnia, ao menos que a caluniada
seja esta, eu. Por que, o texto de uma mulher deve ser olhado como: ‘’hum, será
que é de fonte confiável?’’ quando a mesma fonte foi usada por um homem, e por
ele, este é confiável? Injusto.
Desde que lei da escravatura foi
assinada, lá em 1888 (por uma mulher, diga-se de passagem), as coisas começaram
a ficar mais claras, mais manifestas. Em 1904, o divórcio foi declarado um
direito de lei, e muitas mulheres viram então a oportunidade de ter a liberdade
de seus maridos, ao qual estavam presas a eles por anos. Mas nem todas foram
corajosas, ou, talvez fossem corajosas demais, e continuaram casadas. A
verdade, é que, em 1904, uma mulher divorciada era vista, literalmente, como
uma prostituta. Dizia a sociedade, que, se esta era divorciada, não tinha
saciado os desejos do marido, e por isto, ele a deixara, sem considerar se esta
posição não tivera partido dela. Mas muito mais que ficar mal falada, a mulher
divorciada do século XX, era excluída totalmente da sociedade, se antes, as
poucas mulheres pobres começavam a exercer papel no trabalho, o divórcio era
considerado a ela, lepra. Elas eram excluídas da sociedade, e renegadas pelas
família, para uma filha de baronesa, um descer de nível, para uma mulher pobre
(nem título melhor, alguém de baixa renda tinha) o desprezo.
É válido lembrar, que em 1904, o
Brasil (vamos falar da nossa terra, que é mais ético...) acabara de sair da
monarquia para a república, a escravidão havia acabado há exatos 22 anos. Seria
de se esperar que passar por esses preconceitos, fosse sem cabimentos. Mas para
aquela (e senão esta) sociedade, ser diferente da Europa não parecia ser de bom
tom. O Rio de Janeiro era a ‘’colônia’’ do Brasil, todos queriam ver a cidade
de destaque, e de recém reforma política, mas os costumes europeus ainda
estavam muito dissolvidos, era bonito se vestir, comer, se comportar, como os
europeus, e aceitar o divórcio recém-legalizado, sem notícias de que a Europa
fizera o mesmo, era inaceitável, coisa de outro mundo.
É por isso, e muito mais que sou
feminista, e homem nenhum neste mundo irá entender o que é estar no lugar do
sexo oposto. Por mais que eu fale, que outras feministas incríveis manifestem
suas ideias, eles sempre serão os donos da verdade. Se em mais de 300 anos,
poucos são os homens feministas, não serei eu, que conseguirei mudar a história
da humanidade, pelo menos, não sozinha. É verdade, sou muito grata ás mulheres
que me antecederão, as nossas feministas maravilhosas, que reivindicaram seus
direitos, que não ficaram quietas, enquanto apanhavam do marido ou da sociedade.
Por elas, hoje, eu e você querida, podemos trabalhar, e ser independente. E
muito mais do que isso. Uma feminista NÃO quer apenas que o direito da mulher
seja no trabalho e não em casa, como muitos homens defendem. Mulher, assim como
você, deve ter o direito da escolha, se quer ou não, trabalhar fora, se quer ou
não, ter filhos, se quer ou não, ser casada. É UM DIREITO. O direito de
escolher como manobrar a própria vida, sem ter que ‘ficar em casa, tricotando
cachecol pra marido’ por que lhe foi assim concebido.
Mulher tem o direito de
estudar, e de exercer a profissão de sua escolha, é muito mais que não ficar em
casa, é ser dona da própria vida, é não se deixar abalar por um homem, por um
amor que não mudará sua trajetória de vida, que hoje existe, e amanhã ele
estará com outra mulher. Ser feminista é ter amor próprio, e escolher o que lhe
é melhor.
Só para que eu possa concluir de
forma clara e sensata, há um exemplo que descobri há pouco, de uma feminista,
na verdade, não sei se esta era feminista declarada, já que esse termo só foi
titulado na Revolução Francesa, mas conheci Cristina de Pisano, ela ficou
conhecida como a primeira escritora a viver do seu trabalho mais ou menos no
século quatorze. Cristina se casou aos quinze anos de idade, sempre foi bem
instruída culturalmente, pois seu pai era empregado da Corte. Quando o marido
de Cristina faleceu, esta se viu em difícil situação econômica, e viu nas
palavras, um meio de sustentar a si e aos seus dois filhos. Na época, um
escritor Jean de Meung ficou famoso com sua obra ‘’Romance da Obra’’,
retratando, vulgarmente, que as mulheres eram nada mais que sedutoras, e
fazendo sátiras ao amor cortês. Ainda de acordo com o Wikipédia: ‘’ Cristina pôs
em causa o mérito literário do poema, criticando os termos vulgares usados para
descrever as mulheres, objetando que tal linguagem não era usada por damas
nobres e servia apenas para denegrir a função natural e própria da sexualidade
feminina.’’ A conclusão é que ela ficou publicamente conhecida por sua coragem e
persuasão de defender, e em outras obras suas, defendeu as mulheres e seus
direitos. Não há muitos dados sobre Cristina, primeiro, por seu uma história
muito antiga, e segundo por todas as suas outras fontes ou estarem em inglês ou
italiano.
Concluo este texto, com a história de Cristina para deixar claro, que
desde tempos remotos as mulheres sofrem com o machismo, e ao contrário do
femismo, nós não queremos ser superiores aos homens, apenas, que tenhamos o
direito que estes. Que as mulheres sejam respeitadas, por suas conquistas e por
suas lutas, só se pode falar sobre o seu sexo, quando você é da espécie.
Xxx. Amanda
Nenhum comentário:
Postar um comentário