domingo, 10 de março de 2013

Mulher.


        Eu estava preparando esse artigo há mais de duas semanas, tentei arranjar as palavras certas, formular frases coerentes, mas nada saiu de concreto, não consegui redigir nem um parágrafo realmente bom, e por isso mesmo, peço desculpas de antemão, pois não prometo a qualidade desse artigo.
         Foi divertido como as coisas ocorrerão nas últimas semanas, pareceu que o universo foi reunindo todos os elementos necessários para que eu escrevesse. Primeiro murmurinhos machistas eu escutava ao meu arredor; logo, meu professor de Filosofia faz uma definição de feminismo, que me despertou raiva, e minha professora de português exibe um filme em que o amor próprio de uma mulher fica haver navios. Confesso, procurei de muitas maneiras, escrever isso de uma forma não ofensiva – nunca foi a minha intenção – mas algumas verdades precisam ser ditas.
     Estou farta de ser tratada com menosprezo, com inferioridade, com desconfiança, por simplesmente ser mulher! Em pleno século XXI sou obrigada a ser tratada assim? Jamais! Recuso-me a ter esse tratamento. Quero fazer da minha vida, as palavras; trabalhar com elas, reivindicando ações e manifestações pelo bem maior, e se eu for à vítima melhor ainda, não terei que responder processo por calúnia, ao menos que a caluniada seja esta, eu. Por que, o texto de uma mulher deve ser olhado como: ‘’hum, será que é de fonte confiável?’’ quando a mesma fonte foi usada por um homem, e por ele, este é confiável? Injusto.
     Desde que lei da escravatura foi assinada, lá em 1888 (por uma mulher, diga-se de passagem), as coisas começaram a ficar mais claras, mais manifestas. Em 1904, o divórcio foi declarado um direito de lei, e muitas mulheres viram então a oportunidade de ter a liberdade de seus maridos, ao qual estavam presas a eles por anos. Mas nem todas foram corajosas, ou, talvez fossem corajosas demais, e continuaram casadas. A verdade, é que, em 1904, uma mulher divorciada era vista, literalmente, como uma prostituta. Dizia a sociedade, que, se esta era divorciada, não tinha saciado os desejos do marido, e por isto, ele a deixara, sem considerar se esta posição não tivera partido dela. Mas muito mais que ficar mal falada, a mulher divorciada do século XX, era excluída totalmente da sociedade, se antes, as poucas mulheres pobres começavam a exercer papel no trabalho, o divórcio era considerado a ela, lepra. Elas eram excluídas da sociedade, e renegadas pelas família, para uma filha de baronesa, um descer de nível, para uma mulher pobre (nem título melhor, alguém de baixa renda tinha) o desprezo.
      É válido lembrar, que em 1904, o Brasil (vamos falar da nossa terra, que é mais ético...) acabara de sair da monarquia para a república, a escravidão havia acabado há exatos 22 anos. Seria de se esperar que passar por esses preconceitos, fosse sem cabimentos. Mas para aquela (e senão esta) sociedade, ser diferente da Europa não parecia ser de bom tom. O Rio de Janeiro era a ‘’colônia’’ do Brasil, todos queriam ver a cidade de destaque, e de recém reforma política, mas os costumes europeus ainda estavam muito dissolvidos, era bonito se vestir, comer, se comportar, como os europeus, e aceitar o divórcio recém-legalizado, sem notícias de que a Europa fizera o mesmo, era inaceitável, coisa de outro mundo.
      É por isso, e muito mais que sou feminista, e homem nenhum neste mundo irá entender o que é estar no lugar do sexo oposto. Por mais que eu fale, que outras feministas incríveis manifestem suas ideias, eles sempre serão os donos da verdade. Se em mais de 300 anos, poucos são os homens feministas, não serei eu, que conseguirei mudar a história da humanidade, pelo menos, não sozinha. É verdade, sou muito grata ás mulheres que me antecederão, as nossas feministas maravilhosas, que reivindicaram seus direitos, que não ficaram quietas, enquanto apanhavam do marido ou da sociedade. Por elas, hoje, eu e você querida, podemos trabalhar, e ser independente. E muito mais do que isso. Uma feminista NÃO quer apenas que o direito da mulher seja no trabalho e não em casa, como muitos homens defendem. Mulher, assim como você, deve ter o direito da escolha, se quer ou não, trabalhar fora, se quer ou não, ter filhos, se quer ou não, ser casada. É UM DIREITO. O direito de escolher como manobrar a própria vida, sem ter que ‘ficar em casa, tricotando cachecol pra marido’ por que lhe foi assim concebido.
       Mulher tem o direito de estudar, e de exercer a profissão de sua escolha, é muito mais que não ficar em casa, é ser dona da própria vida, é não se deixar abalar por um homem, por um amor que não mudará sua trajetória de vida, que hoje existe, e amanhã ele estará com outra mulher. Ser feminista é ter amor próprio, e escolher o que lhe é melhor.
       Só para que eu possa concluir de forma clara e sensata, há um exemplo que descobri há pouco, de uma feminista, na verdade, não sei se esta era feminista declarada, já que esse termo só foi titulado na Revolução Francesa, mas conheci Cristina de Pisano, ela ficou conhecida como a primeira escritora a viver do seu trabalho mais ou menos no século quatorze. Cristina se casou aos quinze anos de idade, sempre foi bem instruída culturalmente, pois seu pai era empregado da Corte. Quando o marido de Cristina faleceu, esta se viu em difícil situação econômica, e viu nas palavras, um meio de sustentar a si e aos seus dois filhos. Na época, um escritor Jean de Meung ficou famoso com sua obra ‘’Romance da Obra’’, retratando, vulgarmente, que as mulheres eram nada mais que sedutoras, e fazendo sátiras ao amor cortês. Ainda de acordo com o Wikipédia: ‘’ Cristina pôs em causa o mérito literário do poema, criticando os termos vulgares usados para descrever as mulheres, objetando que tal linguagem não era usada por damas nobres e servia apenas para denegrir a função natural e própria da sexualidade feminina.’’ A conclusão é que ela ficou publicamente conhecida por sua coragem e persuasão de defender, e em outras obras suas, defendeu as mulheres e seus direitos. Não há muitos dados sobre Cristina, primeiro, por seu uma história muito antiga, e segundo por todas as suas outras fontes ou estarem em inglês ou italiano.
     Concluo este texto, com a história de Cristina para deixar claro, que desde tempos remotos as mulheres sofrem com o machismo, e ao contrário do femismo, nós não queremos ser superiores aos homens, apenas, que tenhamos o direito que estes. Que as mulheres sejam respeitadas, por suas conquistas e por suas lutas, só se pode falar sobre o seu sexo, quando você é da espécie.
Xxx. Amanda 

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